A aluna, 2o. kyu, que treina há nove ou dez anos, destes usando hakama há pelo menos oito, estava se preparando para entrar no treino. Trocou de roupa rapidamente, conseguiu chegar a tempo mas, no meio do aquecimento notou que algo não estava certo. Ela não conseguia alongar nem afastar as pernas e, em um ataque de riso, percebeu que colocou as duas pernas de um lado só do hakama. Oito. Anos...

Esta é uma colaboração da Elisângela, leitora e amiga de Marília - SP, que prensenciou o acontecido e não aguentou perder a piada.

P.S.: se serve de consolo, eu também já fiz isso. Com a diferença que eu só levei uns cinco segundos para perceber a trapalhada...





Desde a metade do semestre passado, estou responsável por um novo dojo do meu sensei, e essa nova atribuição me deixou completamente sem tempo para o Onegaishimasu. Todos os meus esforços "aikidoísticos" foram direcionados para o dojo e os alunos, todos iniciantes, e faltou energia para pesquisar e escrever para o blog. Perdão...

Posso dizer que esses meses têm sido uma das experiências mais desafiadoras que tive. Assumir uma aula (ou um horário fixo) em um dojo já estabelecido, com seu mestre por perto, já é uma tarefa e tanto, mas não ter outros alunos graduados e ser toda a referência que seus alunos possuem é uma jornada imensa. Quem já passou por isso sabe que nós incorporamos tanto a rotina do aikido que esquecemos que nem todos sabem cumprimentar, sentar e até mesmo o que fazer enquanto o sensei faz a demonstração. Isso porque a maioria de nós já começou treinando em locais com muitos alunos mais graduados e boa parte do que aprendemos não precisou ser dito, foi um aprendizado feito por observação e repetição. Ter de se preocupar com praticamente todo gesto ou comportamento para que os alunos entendam a dinâmica do dojo drena uma quantidade imensa de energia porque é um estado  de vigìlia constante, mesmo que inconsciente. Qualquer atitude, desejável ou não, é automaticamente assimilado pelos alunos e contribui diretamente para o que o ambiente vai ser no futuro. 

Se, por um lado toda essa nova situação (para mim, instrutora-chefe novata) é excitante, também é cansativa. Já cheguei no dojo, em alguns dias, bem cansada e achando que a aula planejada não iria ser boa, desanimada até... Daí os alunos chegam no maior entusiasmo e, já no intervalo antes do treino, estão rolando e se aquecendo no tatame, todos rindo e comentando as técnicas da última aula, falando do que gostaram e do que têm dificuldades. Eu ouço tudo de longe enquanto me troco e, de repente, me pego já ansiosa para começar o treino. É uma transformação e tanto, adoro ver acontecer. Normalmente, nesses dias, o treino é muito bom e eu sempre presencio um dos momentos de que mais gosto: o instante exato que o aluno compreende algo, pode ser a técnica, o fundamento ou uma expressão. Eu nunca tinha percebido isso mas é como uma luz que se acende de repente, praticamente uma revelação estampada no rosto dele. Tudo o que parecia impossível de ser executado, fica  instantaneamente tão claro! Depois de passar pela experiência algumas vezes, entendi exatamente que tipo de aluna eu quero ser para o meu sensei: aquela que faz com que ele esqueça do eventual cansaço e termine o treino esperando me ver na próxima aula. Simples assim.